domingo, 29 de novembro de 2009

3 de dezembro: Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é comemorado em 3 de dezembro. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% da população do planeta apresentam algum tipo de deficiência. Esse percentual é maior em países em desenvolvimento, como o Brasil. Segundo o Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 14,5% da população brasileira têm deficiência ou mobilidade reduzida. Aos números de hoje, quase 28 milhões de pessoas possuem essa condição – e mais de 600 milhões em todo o mundo.

Em 2009, o tema da celebração é “Realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para Todos: Empoderamento das Pessoas com Deficiência e suas Comunidades ao redor do Mundo”. O objetivo é lembrar a meta de que as pessoas com deficiência exerçam a participação plena e seus direitos na sociedade – como estabelecido pelo Programa Mundial para as Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1982.

Nos últimos anos, as organizações sociais de apoio e promoção dos direitos das pessoas com deficiência registraram um grande avanço em seus modelos de gestão, sustentabilidade e capacidade de formulação. Disso também resultou a aprovação da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência pelas Nações Unidas, em 2006.

Até julho de 2009, 143 países haviam assinado a Convenção, 87 o protocolo facultativo, 74 a ratificaram e 47 também haviam ratificado o Protocolo. O Brasil é um dos países que subscreveram ambos os documentos. No País, os termos da Convenção ganharam status de lei.

A imagem do mapa mostra a situação atual da adesão a esses tratados em todo o mundo (clique na imagem para ver em tamanho ampliado).

No Brasil a data é comemorada com passeatas e manifestações públicas em diversas capitais. O produtor cultural J. Olímpio, co-produtor e roteirista do filme O Sal da Terra, costuma participar dos atos comemorativos em Curitiba, onde vive. Para ele, que tem sequelas severas de poliomielite, é fundamental que a mobilização registrada anualmente no dia 3 de dezembro tenha continuidade nos demais dias do ano. "Todos nós sabemos a dor e a delícia de ser o que somos. Cada um de nós merece o melhor que a vida pode nos oferecer. Saber sacar isso da sociedade, sem usurpar os direitos alheios, é o ideal democrático. E esse ideal não se conquista num só dia, com festa e euforia. Mas na batalha diária dos que não se permitem desistir", afirma.

Os cinco ciclos do Programa Experiências em Inovação tiveram projetos envolvendo a promoção dos direitos das pessoas com deficiência, sendo que em dois deles, 2006 e 2009, estes figuraram também entre os ganhadores.

Os projetos finalistas, que receberam diplomas de menção honrosa, e premiados foram os seguintes (acesse o link para ler os resumos desses projetos, extraídos do Banco de Experiências da Cepal):

Ciclo 2004/2005 - Santiago do Chile, Chile

Rede Saci - Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação (Brasil) - Menção Honrosa

Ciclo 2005/2006 - Cidade do México, México

Pintando o Sete (Brasil) - 5º lugar

Ciclo 2006/2007 - Porto Alegre, Brasil

Educação Inclusiva: Uma educação para todos (Peru) - Menção Honrosa

Ciclo 2007/2008 - Medellim, Colômbia

Empoderar jovens cegos e com deficiência visual (Santa Lúcia) - Menção Honrosa

Ciclo 2008/2009 - Cidade da Guatemala, Guatemala

Do lixo à reabilitação, uma esperança integradora (Chile) - 4º lugar


Linguagem contra o preconceito

Desde a aprovação da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência pelas Nações Unidas, em 2006, a forma universalmente aceita para designar quem possui deficiência é “pessoa com deficiência”, aludindo sempre a condição específica quando se nomear a sua situação: “pessoa com cegueira ou pessoa cega”, “pessoa com deficiência visual ou com baixa visão”, “pessoa com deficiência física”, “pessoa com deficiência mental”, “pessoa com nanismo”, “pessoa com surdez ou pessoa surda”, “pessoa com mutismo”, “pessoa com síndrome de Down ou pessoa com Down”,– ou, simplesmente, cego, surdo, mudo, cadeirante, paralisado cerebral e Down.


As formas antigas, pessoa especial, portador de deficiência ou portador de necessidades especiais, não caracterizam com exatidão a condição do indivíduo (já que as deficiências são permanentes e não “portáveis” – portanto, descartáveis).


A maioria dos meios de comunicação qualifica erradamente essa discussão como sendo um exagero do politicamente correto. Não é. O fato de a legislação brasileira usar a forma "portador de deficiência" se explica porque a linguagem jurídica não acompanha a mudança de conceitos com a mesma rapidez que as organizações.


Assim como se abandonaram as formas “aleijado”, “débil mental”, “debiloide”, “mongol” ou “mongoloide”, as que passaram a ser evitadas pelo segmento que atua em favor dos direitos desse público em todo o mundo cairão em desuso. Quando se tratam de organizações e publicações com foco em sustentabilidade, usar a forma antiga indica falta de alinhamento com a visão contemporânea de como tratar a temática social no universo da comunicação.



Galeria de fotos: download para uso livre

As principais imagens do 5º ciclo do Programa Experiências em Inovação Social estão disponíveis para download na Internet. Para ter acesso, clique no link Galeria de fotos.
Em seu navegador, ele abrirá uma página com a imagem abaixo, no formato "mosaic", ou com todas as fotos dispostas lado a lado (formatos "grid" e "carousel"). O primeiro formato facilita a leitura das legendas completas das imagens.
É possível, ainda, acionar o botão slideshow para visualizar todas as 120 imagens publicadas na galeria, além de escolher o fundo de sua prefência (nas opções preto, grafite, cinza e branco). A visualização da galeria é compatível com navegadores de última geração, como Firefox e Safari.

As fotos postadas na galeria estão em alta resolução (21,0 x13,0 cm, com 300 DPIs), e podem ser baixadas livremente para uso com fins de divulgação. Para baixar as fotos em alta resolução, escolha o formato "grid", no rodapé da página, clique na imagem escolhida para visualizá-la melhor e, então, pressione a seta de download (a primeira à esquerda, abaixo da legenda da imagem). O ícone "i", de information, permite ler dados adicionais da captura da foto.
Crédito: Milton Bellintani/Cepal

Entrevista: Ariovaldo Costa Paulo, presidente do Observatório Social de Maringá (Paraná)

Nesta entrevista, o presidente do Observatório Social de Maringá apresenta o histórico de formação desse projeto da SER - Sociedade Eticamente Responsável, oferece detalhes de sua atuação e aborda a importância dos voluntários para o êxito da iniciativa.
A experiência bem-sucedida de controle de gastos sociais públicos do município já levou à replicação do modelo em outras 40 cidades brasileiras. A expectativa é que a visibilidade que o reconhecimento do programa da Cepal / Fundação Kellogg proporcionará ao Observatório contribuirá para a sua disseminação em maior escala, no Brasil e outros países da América Latina e o Caribe.

Contato: Ariovaldo Costa Paulo, presidente do Observatório Social de Maringá - e-mail: observatorio@cidadaniafiscal.org.br - tel.:(44) 3025-9999.


Repercussão na TV Paraná

Vitória do Observatório Social de Maringá no quinto ciclo do Programa Experiências em Inovação Social, promovido pela Cepal/Fundação Kellogg, foi tema de reportagem na TV Paraná, que ouviu coordenadores e voluntários do projeto na cidade paranaense, no dia seguinte ao anúncio dos ganhadores na Universidad San Carlos de Guatemala, na Guatemala.

Trabajo y Ciudadanía - Universidad Nacional de Entre Ríos

sábado, 21 de novembro de 2009

Convivênvia com a Realidade Semiárida, Promovendo o Acesso à Água, Solidariedade e Cidadania (Paraíba)

A experiência vem sendo desenvolvida em comunidades rurais dos municípios de Teixeira, Cacimbas e Maturéia, no médio Sertão da Paraíba, região semiárida, desde o ano de 1994 e tem como principal objetivo promover o empoderamento social das famílias e das comunidades a partir do resgate de práticas de solidariedade, já vivenciadas pelas famílias, que possam contribuir, efetivamente, para uma melhoria na qualidade de vida, como direito humano, a partir dos potenciais locais e da gestão de recursos através da dinâmica de Fundos Rotativos Solidários. A experiência parte do princípio de que os agricultores são atores sociais importantes, portanto, cumprem um papel decisivo no desenvolvimento comunitário, através da promoção de mudanças na realidade onde estão inseridos.


Contatos: José Rômulo Batista Xavier, presidente, e José Dias Campos, coordenador executivo - e-mails: romulobx@bol.com.br, cepfs@uol.com.br - tel.: (83) 3238-2397 e (83) 8716-6705.



O vídeo institucional a seguir, publicado no YouTube em duas partes, foi apresentado durante a exposição do projeto aos jurados do Programa Experiências em Inovação Social.



sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Anjo da Guarda - O Direito de Toda Criança Crescer em Família (Goiás)

Selecionado entre os 13 finalistas do 5º ciclo do Programa Experiências em Inovação Social, promovido pela Cepal com apoio da fundação Kellogg, o projeto Anjo da Guarda - O Direito de Toda Criança Crescer em Família, foi implantado em 2005 por iniciativa do Juizado de Menores da capital de Goiás.
Nesse mesmo ano, o Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Goiânia foi convidado a participar da execução deste programa através de um convênio de cooperação técnica. A iniciativa é uma clara demonstração das possibilidades de trabalho conjunto entre o setor público e a sociedade civil.
Na entrevista publicada neste blog, dividida em duas partes, a coordenadora Vera Lúcia Cardoso explica as bases do projeto e aborda a situação da adoção de crianças e jovens maiores de 5 anos em Goiânia.
Contatos: Vera Lúcia Cardoso e Maria Augusta Barbosa Andraschko, coordenadoras do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Goiânia e do Projeto Anjo da Guarda - e-mail: adocao@cultura.com.br - tel.: (62) 8146-9278 ; Maurício Porfírio Rosa, juiz de Direito da Infância e Juventude de Goiânia - tel.: (62) 3226-2730.


domingo, 15 de novembro de 2009

Observatório Social de Maringá vence ciclo 2008/2009

O Observatório Social de Maringá venceu o quinto ciclo do Programa Experiências em Inovação Social, promovido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas (Cepal), com apoio da Fundação Kellogg. O anúncio foi feito no campus da Universidad San Carlos de Guatemala, na Cidade da Guatemala, na tarde de sexta-feira, 13/11 (já noite, no Brasil).

O programa da Cepal, que é realizado desde 2004, tem como objetivo identificar, reconhecer e dar visibilidade a projetos sociais que contribuam para a redução da pobreza e a desigualdade na região, e combatam a exclusão, acontecendo alternadamente em diferentes países.

De acordo com o júri do programa, o Observatório Social de Maringá coloca o dedo na ferida latino-americana e caribenha: a má gestão dos recursos públicos, que comprometem a possibilidade de o Estado investir em áreas essenciais para o desenvolvimento sustentável, como educação, saúde e estímulo à produção.


Para o empresário Ariovaldo Costa Paulo, presidente do Observatório, o reconhecimento das Nações Unidas contribuirá para a replicação da experiência não apenas no Brasil, como em outros países da região. “Mais importante do que ser o primeiro colocado é ter a oportunidade de compartilhar nossa experiência com cidades de toda a América Latina e, dessa forma, contribuir para a redução de um problema histórico comum a todos os países latino-americanos: a corrupção.”

Além do reconhecimento internacional, o Observatório Social de Maringá recebeu como prêmio a quantia de 30 mil dólares, que devem ser investidos na ampliação do programa de transparência e controle dos gastos públicos.

Em segundo lugar ficou o Projeto Binacional de Investimento de Remessas para o Estabelecimento de uma Fábrica Processodora de Alimentos Nostálgicos de Oaxaca em Ayoquezco de Aldama, promovido pela Fundación para la Productividad en el Campo, do México. Em terceiro, o programa Atenção à Saúde Integral da População Indígena Altamente Móvil, promovido pela Caixa Costarricense de Seguro Social.

Em cinco anos, o Programa Experiências em Inovação Social recebeu cerca de 5 mil inscrições de projetos de 27 diferentes países da América Latina e o Caribe. O Brasil é recordista, com 1004 inscrições, das quais 19 chegaram à etapa final e sete foram premiadas – sendo duas, em primeiro lugar.

Para escutar a entrevista do presidente do projeto ganhador à Rádio ONU, Ariovaldo Costa Paulo, clique aqui.

Contato: Ariovaldo Costa Paulo, presidente do Observatório Social de Maringá - e-mail: observatorio@cidadaniafiscal.org.br - tel.:(44) 3025-9999.

sábado, 31 de outubro de 2009

Treze projetos da América Latina e do Caribe participaram da Feira da Inovação Social na Guatemala

Iniciativas são empreendimentos comunitários nas áreas da educação, juventude, saúde, desenvolvimento rural,geração de renda e controle social dos gastos públicos. Iniciativas buscam superar a pobreza. Projeto vencedor envolve a comunidade na gestão transparente do município.

Treze iniciativas inovadoras de sete países da América Latina e do Caribe foram finalistas do programa "Experiências em Inovação Social", realizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), com apoio da Fundação W.K. Kellogg, em seu ciclo 2008-2009.

Os projetos selecionados foram apresentados na Feira da Inovação Social, realizada na Universidade de San Carlos de Guatemala, Cidade da Guatemala, de 11 a 13 de novembro (na foto, vê-se a cerimônia de abertura).

Os projetos finalistas eram provenientes da Argentina (4), Brasil (3), Peru (2), Chile (1), Costa Rica (1), México (1) e Uruguai (1), sendo que 60% deles oferecem soluções em desenvolvimento rural e geração de renda. O restante, em educação (23%), juventude (7%) e saúde (7%).

Os finalistas do Brasil foram:
  • Observatório Social de Maringá (1º lugar) - Atua em âmbito municipal, no estado do Paraná, no Sul do Brasil, buscando atingir os objetivos da Cidadania Fiscal (ou Educação Fiscal). Ou seja, há aceitação social dos tributos e implantação da transparência absoluta nos recursos públicos municipais, via controle social efetivo, que é a forma mais eficaz de se evitar a corrupção com os recursos públicos.
  • Anjo da Guarda - o Direito de Toda Criança Crescer em Familia - Gerenciado em conjunto pelo Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Goiânia, no Estado de Goiás, região Centro-Oeste do Brasil, e o Juizado da Infância e da Juventude, tem como objetivo principal a busca ativa por famílias interessadas na adoção de crianças que, por algum motivo, são preteridas pelos que se inscrevem espontaneamente no cadastro de adoção.
  • Convivência com a realidade semiárida, promovendo o acesso à água, solidariedade e cidadania - Esta experiência vem sendo desenvolvida por famílias de agricultores de pequenas propriedades, com apoio do Centro de Educação Popular e Formação Social, em comunidades rurais dos municípios de Teixeira, Cacimbas e Matureia, no sertão da Paraíba, no Nordeste do Brasil. Esses agricultores enfrentam a seca com ideias caseiras que nascem nas comunidades, como cisternas de placas, construção de tanques em lajedos de pedra, poços amazonas, barragens subterrâneas e sistemas de boias para lavagem do telhado.
O primeiro prêmio recebeu 30.000 dólares, o segundo 20.000, o terceiro 15.000, e o quarto e quinto de 10.000 e 5.000 dólares, respectivamente. Esses recursos devem ser utilizados nos próprios projetos.

O programa Experiências em Inovação Social, iniciado em 2004, identifica iniciativas inovadoras de desenvolvimento social, a fim de analisá-las e difundi-las, contribuindo para a melhoria das práticas e políticas públicas em benefício da população mais pobre.

Nesses cinco anos, foram inscritos cerca de 4.800 projetos, provenientes de toda a Região. Nos cinco ciclos do concurso foram identificadas 85 experiências comprovadamente inovadoras, tendo 26 delas sido premiadas.
Para escutar a entrevista que dei a Paulo Vieira Lima, do programa Cenários, da Rádio Mega Brasil Online, clique aqui. (ou copie e cole a URL http://www.jornaldacomunicacao.com.br/audios/Programa%20Cen%E1rios_18-11.wma no programa Quick Time).
A Diretora do programa Experiências em Inovação Social, María Elisa Bernal, abordou a importância da iniciativa para a região, em entrevista à Rede CNN do Chile.

Universidad de San Carlos de Guatemala‎


A Universidad San Carlos de Guatemala é a única pública desse país da América Central. Fundada em 1676, conta com mais de 130 mil alunos distribuídos em 21 cursos de graduação nas áreas de Ciências Exatas, Humanas e Biológicas, recebendo, ainda, alunos de países vizinhos e de várias partes do mundo.

Durante 36 anos, 1960 a 1996, o país viveu um conflito armado no qual morreram milhares de pessoas, boa parte delas civis e indígenas. No campus da universidad na Cidade de Guatemala há diversas placas homenageando combatente mortos em seu interior nesse período.

A Feira de Inovação Social de 2009 foi realizada ao lado da reitoria, na Plaza de los Mártires
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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Entrevistas: Francisco Tancredi (Diretor para a América Latina e o Caribe da Fundação Kellogg de 1999 a 2008)



Qual é a importância do programa Experiências em Inovação Social?
É comum as inovações na área social, as tecnologias sociais desenvolvidas pela sociedade, não conseguirem a visibilidade que esperam. Isso dificulta a sua replicação. Diferentemente da tecnologia industrial, que você cria, patenteia e vende, as tecnologias sociais dependem de ser noticiadas para que outros interessados as conheçam, as adaptem às suas realidades e, então, possam replicá-las. Dar visibilidade a essas iniciativas não é algo fácil. O alcance da comunicação das organizações sociais é limitado. Sendo assim, um prêmio como esse ajuda a aumentar essa visibilidade. E contribui para que experiências inovadoras possam influenciar políticas públicas e programas de ampla abrangência.
Que impacto o prêmio pode trazer para as comunidades envolvidas?
Um aspecto importante é mostrar às comunidades dos empreendores sociais que eles fazem de um grupo maior, formado por projetos e organizações de toda a América Latina e Caribe, que também atua em favor do desenvolvimento regional. Em resumo, o prêmio ajuda a gerar um sentimento de pertencimento a uma ação de maior impacto, permitindo que os participantes se conheçam, troquem experiências e formem redes de interesses que podem potencializar esse desenvolvimento. Finalmente, o concurso tem como objetivo dar um reconhecimento público a essas iniciativas inovadoras.
Por que a Fundação Kellogg decidiu apoiar o concurso Experiências em Inovação Social convocado pela Cepal?
Por que a Fundação Kellogg tem um compromisso com o desenvolvimento da América Latina e do Caribe. Ela busca reconhecer os líderes das comunidades que podem alavancar o desenvolvimento regional – tendo essas populações como protagonistas. O apoio ao projeto Experiências em Inovação Social é uma conseqüência natural dessa política. A Fundação Kellogg quer que a sociedade e os governos da região reconheçam, valorizem e dialoguem com as organizações sociais que possuem propostas inovadoras para resolver seus próprios problemas – e que são os grandes problemas da América Latina e do Caribe. A Fundação Kellogg, criada por William Keith Kellogg em 1930, tem estado ao lado desses desenvolvedores sociais desde 1941, quando iniciou suas atividades na região.
De que maneira o apoio ao concurso Experiências em Inovação Social se insere na estratégia da Fundação Kellogg?
O apoio a essa iniciativa se insere em uma estratégia de desenvolvimento de lideranças na América Latina e Caribe, visando fortalecer idéias inovadoras e as intituições como forma de estimular esse crescimento.
Que balanço o senhor faz da iniciativa?
O balanço é muito positivo, lembrando que um dos objetivos do prêmio é identicar iniciativas inovadoras. Ela, sem dúvida, está contribuindo para que a América Latina e o Caribe conheçam melhor o potencial criativo de seus atores sociais.
Francisco B. Tancredi foi Diretor Regional de América Latina e Caribe da Fundação Kellogg de 1999 a 31.08.2008. É médico psiquiatra com mestrado e doutorado em saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP) – área em que atuou por mais de 20 anos –, tendo dirigido a unidade de planejamento da Divisão de Saúde Mental do Departamento de Saúde do Estado de São Paulo. Trabalha com a Fundação Kellogg desde 1987, quando iniciou sua colaboração como consultor. Desde novembro de 2008, integra o júri do Programa Experiências em Inovação Social.


Ganhadores 2007: programa Trevo de Quatro Folhas


O Brasil foi sede do terceiro ciclo do Projeto Experiências em Inovação Social. Em 2007, a etapa final do concurso aconteceu na cidade de Porto Alegre, Rio Grande Sul, de 4 a 7 de dezembro.
O programa Trevo de Quatro Folhas, desenvolvido pela Secretaria da Saúde e Ação Social da cidade de Sobral, Ceará, no Nordeste brasileiro, ficou em primeiro lugar, recebendo o prêmio de 30 mil dólares.
‘‘O projeto escolhido possui todos os elementos importantes para um projeto social bem-sucedido: melhora as condições sociais de uma localidade, contribui para o desenvolvimento econômico e social e pode ser facilmente replicado em outras cidades’’, afirmou o então secretário-executivo da Cepal, José Luis Machinea, durante o anúncio dos ganhadores.
Contato do projeto: Noraney Alves Lima - Secretaria da Saúde e Ação Social de Sobral (CE), e-mail: noraneylima@gmail.com, tel.: (88) 3611-6639 e 3611-2171.





Ganhadores 2005: Ecoorgânica e Projeto Saúde & Alegria


Quarta colocada do ciclo 2004-2005, a Ecoorgânica – Cooperativa dos Produtores Familiares Orgânicos promove a produção de cerca de 130 produtos agrícolas orgânicos certificados para comercialização, atendendo a novos nichos de mercado e obtendo excelente rentabilidade. A Ecoorgânica é uma cooperativa de produtores que decidiu enfrentar, com uma atitude positiva, os problemas gerados pela abertura do setor agropecuário e promover a produção agrícola orgânica certificada para a comercialização, atendendo a novos e rentáveis nichos de mercado. Está situada em Vitória de Santo Antão, Estado de Pernambuco, Brasil, e trabalha com famílias de produtores rurais.


A cooperativa iniciou suas atividades nos anos oitenta, por iniciativa de técnicos agrícolas que se dedicaram à formação de pequenos produtores nas áreas de agricultura alternativa, horticultura, plantas medicinais, nutrição, piscicultura, cunicultura e apicultura.


Em 1989 foi criado o Serviço de Tecnologia Alternativa, para promover de forma mais sistemática a agricultura familiar orgânica sustentável, com capacitação orientada não só para os produtores, mas também para os membros de suas famílias, especialmente os jovens. Esta entidade criou metodologias e estratégias de difusão da agricultura orgânica.

Em 2003, a Ecoorgânica se institucionalizou com o apoio decisivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Com a criação da Unidade de Melhoramento e Valor Agregado, em 2004, esta iniciativa passou a dispor de capacidade para o processamento e melhoramento de 24 toneladas semanais de produtos orgânicos. Desde então, a cooperativa tem-se concentrado em ações de capacitação de seus membros, assistência técnica, fomento da organização participativa, assessoramento à produção e comercialização final.


Produtores de sete cidades da Zona da Mata de Pernambuco (antiga zona florestal) estão agrupados neste projeto de agricultura familiar sustentável e 120 produtos orgânicos certificados são comercializados com a marca Horta&Vida e Ecoorgânica. Dessa maneira, procura-se ampliar o mercado e consolidar a região como um pólo de produção de agricultura familiar orgânica no Estado de Pernambuco.


A cooperativa contribui para a inclusão das famílias produtoras no mercado formal, ao melhorar sua qualidade de vida e seu nível de renda, tendo por base, ao mesmo tempo, a preservação do equilíbrio ambiental.


Contato: Oto Barreto Silva, Diretor Tesoureiro E-mail: oto@hortaevida.com.br




Quinto colocado, o Projeto Saúde & Alegria, do Brasil, é um modelo de atenção sanitária às populações ribeirinhas do rio Tapajós. Seu foco de atuação está no uso da comunicação como instrumento para melhorar a saúde oral e da mulher. Utilizando os recursos da própria comunidade e da selva, este projeto demonstrou ser possível oferecer atendimento de qualidade para aquelas populações. Seu objetivo é estabelecer, em povoados situados nas margens do rio Tapajós, um modelo de serviço sanitário orientado especialmente para a saúde oral e a assistência à mulher, no qual os recursos da própria comunidade são utilizados para proporcionar um atendimento de qualidade nesses locais distantes.


Por meio do projeto Ações de Saúde Comunitária na Selva Nacional do Tapajós vem-se implementando uma infra-estrutura sanitária básica para o atendimento de 143 comunidades ribeirinhas dos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro. O projeto, que começou em agosto de 2003 com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, conta atualmente com o apoio de autoridades locais e organizações comunitárias.


Em matéria de saúde comunitária, visou-se com o projeto Saúde e Alegria oferecer soluções adaptadas às condições locais que sirvam de referência para a implementação de políticas públicas e assegurem às comunidades ribeirinhas o direito à saúde.


O traslado de pacientes de alto risco é feito numa "ambulancha" ou ambulância fluvial; além disso, um sistema de comunicação via rádio com o hospital municipal para a notificação oportuna dos casos de emergência foi instalado na maioria das comunidades.


A fim de estimular a participação da comunidade na gestão e execução do projeto são organizados workshops sobre higiene e saneamento básico nos quais se ressalta a importância da organização comunitária na implementação das atividades.


Contato: Rui Anastácio, Coordenador do Núcleo de Saúde do Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental
(CEAPS). E-mail: rui@saudeealegria.org.br. Site: www.saudeealegria.org.br.